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sábado, 26 de setembro de 2015

HELENO, O MAESTRO !

       São João Nepomuceno é conhecida em toda Zona da Mata Mineira como: “cidade celeiro de craques”. No futebol, sempre tivemos grandes valores. Mas, Heleno Nascimento, pelo que ouvi de seus companheiros de futebol, estava acima de um grande jogador. Era o maestro do time.
Coordenava as principais jogadas, ligando o time da defesa ao ataque. Conduzia e passava a bola, como poucos. Tanto de perna direita ou esquerda, o passe ou a finalização saía com a mesma perfeição. Com vocês, Heleno do Nascimento Santos.
       Filho de José Moisés do Nascimento e Gabriela dos Santos Nascimento(ambos falecidos), Heleno nasceu na cidade Garbosa em 26/08/1946.
...“Comecei como lateral esquerdo no time dos Marianinhos(time do Rubens Paixão). Lembro-me bem da escalação: Jair, Piriá e Paulinho; Louro, Valdécio e Heleno; Roberto, Edinho, Tista, Ming e Nestor. Já no segundo time do Mangueira, comecei a atuar como meio campista. Tive uma passagem interessante, como "meia ponta de lança", no Campeonato Militar de 1965, em Juiz de Fora, pelo time do 4º Grupo de Artilharia de Combate (GAC). Fiz minha estreia no primeiro time do Mangueira com dezessete anos, em 1963. Fui escalado como centroavante contra o Guarani, time da vizinha cidade de mesmo nome. Após o jogo, no vestiário, o Dr. Heraldo de Freitas, irmão do famoso Heleno de Freitas, dirigiu-se a mim com as seguintes palavras: meu "filho", será que a história vai se repetir? Sorrindo, respondi: não doutor, minha vontade é estudar. E assim aconteceu. Tive muitas alegrias com o futebol como amador, com uma pequena passagem pelo profissional.”
OPERÁRIO - I Cestaro, Elízio, Quirino, Dola, Heleno  e Eustáquio. 
Edinho, Loro, Tista, Duda e Heleno Sarará.
Quirino no gol; Dola, I Cestaro, Elísio e Eustáquio;  Duda, você e Loro; Edinho cubu, Tista e Heleno Sarará. Este foi o melhor time em que você atuou?
-  Olha Nei, realmente trata-se de um timaço. Todavia, prefiro aquele time do Operário de 1967 por reunir craques consagrados (Quirino, Sabastiãozinho, Arlindo), craques em evidência na época (Tumbuta, Elísio, Tista e Messias) e craques que se despontavam (Duda, Anginho e Piorra). Um senhor time de futebol! Fiz parte também de um time da LUVE (UFV),  em 1970, que deixou saudades e que venceu o Botafogo em São João Nepomuceno por 4x0 (uma façanha).
Operário 1967 - Gérson, Rosalvo, Messias, Duda, Esutáquio, Sebatião Matos, Quirino, Elísio e Arlindo. 
Anginho, Tumbuta, Heleno, Piorra, Tista, Hemilson e Carlinho Potoca.

LUVE - Universidade Federal de Viçosa 1970
Em quais clubes você jogou?
-  Joguei pelo Mangueira, Operário e Botafogo de São João Nepomuceno; América de Barbacena e LUVE (UFV) de Viçosa. No América de Barbacena cheguei a disputar uma partida pelo Campeonato de Juiz de Fora em 1967 contra o Tupi (marquei um gol) mas, como foi descoberto um vínculo meu com o Mangueira F.C., acabei sendo desligado.
Quantos campeonatos disputou e quantos títulos conquistou?
-  Saí de São João Nepomuceno em fevereiro de 1964, com 17 anos, para estudar no Colégio Agrícola de Barbacena. Servi o Exército em 1965. Fiquei no Colégio Agrícola em 1966 e 1967. Em 1968, ingressei na Universidade Federal de Viçosa (UFV), jogando no time da LUVE neste período. Formei-me em 1971, com 25 anos, sendo contratado como professor. Esta trajetória evidencia uma opção pelos estudos por mim feita aos dezessete anos, fazendo com que eu disputasse poucos campeonatos na íntegra e, em decorrência, ganhasse poucos títulos. Todavia, muitas foram as partidas memoráveis, jogando pelos clubes mencionados anteriormente.
Conte-nos de sua emoção ao jogar no Mineirão.
-  Esta foi uma destas partidas inesquecíveis, da qual, infelizmente, pouco ou nenhum registro existe. Segundo minha memória, ela aconteceu em 11 de novembro de 1967 (sábado), numa preliminar de Atlético x Valério Doce. Todavia, parece haver um consenso para 12 de novembro de 1966 (sábado), numa preliminar de Atlético e Siderúrgica. Estava no Colégio Agrícola de Barbacena e uma Kombi me pegou lá na sexta-feira, véspera do jogo. O Operário jogou contra um time de Ribeirão das Neves. Ganhamos de 4x3 e foi um jogo muito disputado. Minha motivação e de meus companheiros era imensa e isto foi decisivo para a minha participação no jogo.
***** A pedido do Heleno, acionei meu amigo/irmão Eduardo Ayupe, historiador e fotógrafo profissional, que, nas horas de foga, é professor de Biologia do Colégio Grambery de Juiz de Fora e Diretor do Colégio e Curso Apoio, para que fizesse uma pesquisa no centenário Jornal Voz de São João sobre este acontecimento. Vejam o que ele encontrou:
- 13 de Novembro de 1966   –  Ano 30  -  Edição 1512
Operário em marcha
A vez do Mineirão
     “Depois de entendimentos mantidos entre o OPERÁRIO FUTEBOL CLUBE e a Administração do Estádio Magalhães Pinto( o Minierão ), por intermédio do Dr. Aloísio Ladeira(que recebeu a confirmação do jogo através de telefonema da Sra. Célia Godinho Bias Fortes), seguiu para Belo Horizonte, na sexta-feira(11) última, o auri verde são-joanense, que deve ter preliado ontem(12) na partida preliminar do jogo Atlético e Siderúrgica.
Esperamos poder noticiar, no próximo número, mais um triunfo do futebol são-joanense e do nosso Operário.”

- 20 de Novembro de 1966   –   Ano 30  -   Edição 1513
Operário em marcha
O Operário venceu no Mineirão
     “O esporte bretão da “Garbosa” está em regosijo com a brilhante vitória que o Operário F.C. conquistou sábado último no majestoso “Mineirão”, frente a equipe da Casa de Correção de Barbacena por 4x3. Este jogo foi preliminar da peleja entre Atlético e Siderúrgica, válida pelo campeonato mineiro, que terminou com o placar de 2x0 para os Atleticanos.
O auri verde são-joanense apresentou-se relativamente bem, dominando seu adversário na maior parte da peleja. A sua vitória foi justa e acreditamos que se não fosse o cansaço de alguns de seus elementos, principalmente do magnífico atacante Davi, o escore poderia ter sido mais dilatado. Isto não quer dizer que seu adversário tenha sido uma presa fácil. Ao contrário, lutou muito e jamais se entregou, apelando muitas vezes para violência para conter o ímpeto dos atacantes são-joanenses. Os tentos foram marcados por Davi(2),  Matos(Sebastiãozinho) e Tumbuta para os vencedores. Luiz(2) de pênalti e Antônio para os vencidos.
O Operário teve em Heleno (em plano elevado), Davi, Luiz Heleno (enquanto tiveram fôlego), Messias e Quirino, as suas principais peças. Os demais lutaram muito.
O auri verde apresentou-se com a seguinte constituição: Quirino, Biroba, Paulinho, Messias e Arlindo; Adalto, Heleno e Tumbuta; Davi, Sebastiãozinho Matos (Tista) e Luiz Heleno (Angelo). O juiz foi o radialista Luiz Antonio com regular desempenho.
Cobertura jornalística de Dr.Alpheu Rocha.”
Aniversário do Operário Futebol Clube. Na foto, ao lado de seu Pai José Moisés
Antes das partidas, qual adversário “tirava-lhe o sono”? Por ser muito técnico ou até mesmo desleal.
-  Tive oportunidade de jogar contra grandes equipes e craques. Jogar contra o Esporte Clube Biquense ou o Zé Adir do Olimpique de Barbacena sempre despertava uma certa ansiedade. Curiosamente, este time e este jogador marcaram duas outras grandes partidas que disputei. Uma delas, contra o Biquense, foi um jogo que fiz pelo Botafogo de São João, em Bicas, ocasião em que ganhamos de 4X1. Após o jogo, ganhei uma “boa grana” de torcedores, agradecidos, que haviam apostado na vitória do Botafogo.  A outra deu origem a um fato curioso que relatarei abaixo.


4º GAC DE JUIZ DE FORA  -  1965
Hoje foi meu dia! Qual partida você terminou com este sentimento?
-  A partida pelo campeonato militar na qual marquei 10 gols, em que pese a fragilidade do adversário, dando origem ao placar de 14x1. O jogo ocorreu às 15:30h e houve uma chuva por volta das 15:00h. Quando entramos em campo, ao ver o gramado (um tapete) do 4º GAC refletindo a luz solar, tive a sensação de que alguma coisa anormal ocorreria. Fui artilheiro deste campeonato. Curiosamente, o juiz que apitou esta partida, três anos depois apitou uma decisão entre Operário de São João e XV de Novembro de Rio Novo, no campo do Operário. Ao me ver ele disse: "você não vai marcar dez gols novamente, vai?". Aí, sorrindo, eu respondi: "Lógico que não". Só que o jogo mal tinha começado e eu peguei, "de bicicleta", um cruzamento que veio da direita e a bola entrou no ângulo. Ele passou correndo perto de mim e disse-me: "já começou, já começou?".
No futebol, uma passagem para se esquecer.
-  Após uma vitória contra o América em Rio Pomba, levei o time do Colégio Agrícola de Barbacena, para jogar contra o Botafogo de São João Nepomuceno e fomos goleados. Coisa para esquecer!
Presenciou algum fato curioso ou engraçado dentro de campo, ou mesmo no vestiário? Não vale o do seu pai (Zé Moisés) no campo do Operário. Brincadeira!!!
-  Meu pai era um torcedor com uma paixão intensa pelo Operário (risos)!!! Contarei outro fato: em 1968, estava em Viçosa e fui chamado para jogar pelo Botafogo de São João contra o Itararé, em Tocantins.  Quando entramos em campo, o Zé Adir, meio campista do Olimpique de Barbacena, que estava reforçando o Itararé me viu e exclamou: “Pô Heleno, até aqui?”. Em seguida, perguntou-me: como está seu meio de campo? Você e mais quem?”.  Aí eu lhe disse: “eu e Zé Tumbuta”. Ele: “Zé o que? Zé Mucuca?”. Eu falei: “Não, Zé Tumbuta. E você nunca irá esquecer este nome”. Ele retrucou: “Você está brincando. Nosso meio campo está formado por mim e pelo Jarbas”. Eu falei: “Conheço você e o Jarbas. Dois craques, mas depois você me conta”.   Ganhamos de 4X1. Após o jogo ele me disse: “Pô Heleno, esse tal de Zé Tumbuta é o “capeta”!”. Eu respondi: “Não lhe disse?.
 Nei, relato mais um fato interessante. O “Bossa Nova”, treinador que esteve em São João Nepomuceno na década de 60, selecionou dois jogadores para jogar em Apucarana, norte do Paraná. Fui selecionado, juntamente com o Genaro (ponta esquerda do Itararé de Tocantins). Meu pai concordou com minha ida, mas minha mãe foi contra (queria que eu estudasse) e acabei ficando. No jogo Botafogo e Itararé mencionado acima, conversei com o Genaro (já havia retornado) e ele me disse que “valeu mais pela experiência”.

Qual foi seu melhor técnico?
-  Citarei dois: Rubens Paixão (Marianinhos) e Chupica (Operário).
Terezinha Pinto, Biroba, Alfredo, Pereira, Arimatéia, Quirino, Arlindo ,jogador do Géo,Chupica Sonia vedete. 
Itamar Colero, Tista,Tumbuta, Sebastião Matos, Heleno, Heleno Sarará, Adauto Maia, jogador Geo.
E o melhor dirigente?
-  Colombo (Operário).
Qual o melhor jogador de sua época?
-  Zé Tumbuta. Foi o melhor meio de campo que ajudei a formar.
Qual ou quais atletas de sua geração poderia(m) ter jogado em um time profissional?
-  Cito Tumbuta, Louro, Rui (Atlético de Viçosa), Machadinho (LUVE-UFV), dentre vários outros que, se fosse hoje, certamente poderiam optar pelo profissionalismo, uma vez que o ambiente profissional naquela época não era muito atraente. Em São João Nepomuceno e por onde passei no amadorismo, minha geração teve grandes mestres no futebol e, certamente, produziu craques que serviram de inspiração para outros grandes craques de gerações futuras.
Escale um time com os melhores jogadores com quem você atuou. Pode “misturar” os que você jogou contra e a favor.
-  Missão difícil, mas vamos lá, incluindo-me e na certeza de gerar controvérsias: Quirino (Wellington), Adauto, Sebastiãozinho, Elísio e Messias; Heleno e Tumbuta; Machadinho (LUVE-UFV), Louro, Tista e Nestor.
Colégio Agrícola de Barbacena

Com  o Tio Paulinho Lulu e os sobrinhos Paulo Roberto(colo) e Ronaldo de pé. Bar do Lulu ao lado da extinta linha férrea em São João Nepomuceno-MG


Qual matéria e por quantos anos você lecionou na UFV?
-  Na UFV lecionei Matemática no Colégio Universitário (COLUNI) nos anos de 1970 e 1971, quando ainda era estudante de graduação. Durante 32 anos fui professor na UFV. Lecionei Cálculo, Álgebra Linear, Estatística e Pesquisa Operacional entre 1972 e 2001, quando me aposentei.
Nesta IES, participei da criação dos Departamentos de Matemática e de Informática, bem como dos cursos de Matemática (bacharelado) e de Ciência da Computação bacharelado, especialização e mestrado).

Qual sua atividade nos dias atuais?
-  Aposentei-me em 2001 na UFV para ajudar na criação da Faculdade de Viçosa (FDV) onde sou professor e, desde 2007, atuo como Diretor Geral. Continuo lecionando esquisa Operacional nesta IES, tendo participado da criação de dois (Sistemas de Informação e Engenharia Produção) de seus sete cursos.

Por fim, quero expressar minha gratidão a Deus pela dádiva da vida! 
Por me livrar da dependência alcoólica que me acompanhou dos 26 aos 43 
anos, pelas alegrias que tive no futebol, pela minha esposa e filhos, 
pelos meus irmãos e parentes e pelas amizades que tenho!

Obrigado ao amigo Heleno Nascimento pelo carinho com este modesto blog.

Abraço a todos e até a próxima se Deus quiser!

4 comentários:

  1. Parabéns, Cunhado, pela epopéia!
    Forte abraço.

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  2. Parabéns, Cunhado, pela epopéia!
    Forte abraço.

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  3. Parabéns Prof. Heleno!
    Não conhecia este lado.
    Além de bom professor, bom jogador de futebol.
    Tudo de bom.

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