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sábado, 11 de julho de 2015

PAULO GOTTI E O FOLCLÓRICO ONZE de OURO

Eliziário, Carlos Trombini, Alegria, Maninho, Cabo Domingos, Filemont, Zezinho, Carlinho Oncinha e Ernani.
Agachados: Murilo, Memeu, Alcino, Quincas e Milton do Dengo.
Nos anos 60, existiu em São João Nepomuceno um time de futebol com nome de 11 de Ouro. O curioso é que o nome intimidava os adversários, mas o placar raramente era a favor do temido Onze de Ouro. Conversamos com o Paulo Gotti, um dos fundadores do time, que nos relatou o seguinte:
“  Eu sou um dos fundadores do Onze de Ouro.  A ideia da fundação do Onze de Ouro nasceu da necessidade de se fazer exercícios físicos. A turma da noite da Fiação e Tecidos Sarmento tinha como operários Sebastião Ferreira Lima(Elisiário), de saudosa memória, que era o treinador do Onze de Ouro;  José Lorentino Alves, o conhecido Zé Descoberto;  José Augusto Muniz, entre outros que trabalhavam durante à noite e sentiram a necessidade de fazer alguma atividade esportiva durante o dia. Depois de uma reunião, eles decidiram procurar o Sr. Genaro Sarmento, que era gerente da fábrica, para auxiliá-los numa condição para que pudessem exercitar durante o dia. O Eliziário tinha em mente a formação de um time de futebol. Na época, estava em São João um dos acionistas da Fábrica, o Sr. Ortiz Sarmento, que ficou sabendo desta necessidade dos operários. Sensibilizado, o Sr. Ortiz doou 11 pares de chuteiras e uma bola, e orientou os operários a procurarem os dirigentes dos clubes da cidade para ver se conseguiam um campo para as atividades...
Na época, onde hoje está localizado o bairro Popular, existia o campo do saudoso Palestra onde o Onze de Ouro realizava seus treinamento. Detalhe: naquela época, o Sr. Ortiz queria que o time se chamasse Industrial Futebol Clube seguindo as tradições da Fábrica. Em comum acordo, decidiram que este seria o nome. Então, iniciaram as atividades no campo do Palestra, mas o nome Industrial não era simpático aos “olhos da turma”. Eles queriam Onze de Ouro por um simples motivo. O Eliziário, em visita a familiares no Rio de Janeiro, viu no subúrbio carioca um time chamado Onze de Ouro que tinha uma camisa amarela quadriculada de azul. No retorno de uma destas viagens, Eliziário reuniu-se com  a turma e comentou sobre o escrete da Cidade Maravilhosa. Questionado sobre a orientação do Sr. Ortiz Sarmento que sugeriu o nome de Industrial, Eliziário disse o seguinte: “ Não tem problema. Nós mudamos o nome “ Sendo assim, decidiram mudar para Onze de Ouro. Vale ressaltar que o primeiro nome do Onze de Ouro foi Industrial.”
Em que ano surgiu o Onze de Ouro e quando encerrou suas atividades?
- O Onze de Ouro foi fundado em 1962 e terminou suas atividades em 1971.
Qual foi a primeira formação do Onze de Ouro?
- Nico barbeiro no gol; os alas eram Galileu Alves(pai do Cássio diretor do Polivalente) era o zagueiro direito e o Diola que morava no Caxangá era o zagueiro pelo lado esquerdo; a linha de alfs era formada pelo José Lorentino Alves, José Augusto Muniz e José Moisés do Nascimento; a linha era  o João Batista Mendes(Batista marcineiro), Magela Soares Medina(Geraldo Magela da Rádio), Sebastião “mandioqueiro”, eu na meia esquerda e o Cláudio Villa Nova na ponta esquerda.
No início do Onze de Ouro, quem foi o principal destaque da equipe?
- Olha, eu vou te contar. Não éramos bons não. Na verdade, nós não tínhamos espaço nos demais clubes da cidade. Essa era a verdade, pois, a qualidade não era boa em termos futebolísticos. No Botafogo, Mangueira e Operário os jogadores tinham que ter um certo nível, e , honestamente, nós estávamos longe deste nível exigido.
Existiu um feito marcante do Onze de Ouro?
- Nós fomos convidados para inaugurar o campo do Triângulo futebol Clube em Tocantins. Empatamos em 1 a 1.
De pé: Viangre, Mílton, Memeu, Aristides Oncinha, Cabo Domingos, Zé Pretinho e Sr. Muniz(diretor).
Agachados: Braz Peru, Pilintra, Anginho Rigolon, Carlinhos Rebarba e Batista.
- E um jogo para ser esquecido?
- Tivemos uma decepção muito grande quando fomos chamados para fazer a “prova de honra” contra o Flamenguinho de Goianá. Naquela época, pela falta de conhecimento, o Flamenguinho achava que Onze de Ouro, com esse nome, era um time inigualável. Então, formaram uma seleção entre 15 de Novembro e Prainha. Foi uma goleada! 13 a zero.
Lembro-me que, quando chegamos em São João fomos questionados e houve a sugestão de quando fossemos jogar uma partida importante, tivéssemos o cuidado de reforçar a equipe.
E assim foi feito como pode ser observado na foto acima. O Onze de Ouro apresenta, entre outros, o goleiro Aristides Oncinha, Vinagre, Braz Peru, Pelintra, Anginho Rigolon...
O que foi determinante para o “desaparecimento” do Onze de Ouro?
- Com certeza, a construção das casas populares. O Onze de Ouro treinava no campo do Palestra, onde fica o bairro que hoje chamamos de Popular. Aliás, diversas equipes treinaram e treinavam neste campo, como: o Ouro Fino, o Estudantes que era formado por estudantes dos colégios, Duque de Caxias, treinado pelo saudoso Pedro Caxambu, além do próprio Palestra. Em resumo: nosso time estava todo certinho, e tínhamos planos de regularizar a situação jurídica para que pudéssemos participar de competições esportivas. Mas aí veio o Prefeito Dario Medina e disse: “ O campo de você vai acabar; vai desaparecer. O Governo do Estado fez um projeto, e ali serão construídas casas populares...”
E nós dissemos a ele que o campo não poderia desaparecer porque ali treinava um time, além do futebol de São João, praticamente, ter nascido naquele local, justamente, no campo do Palestra...
Como não teve jeito procuramos apoio nos co irmãos (Botafogo, Mangueira e Operário) sem êxito. Eles alegavam que não tinham espaço de horário durante a semana. Ali terminava a história do Onze de Ouro.
Obrigado ao amigo Paulo Gotti que além de um ser humano fantástico nos brinda com a história de São João. Seja ela na área esportiva ou política.
Abraço a todos e até a próxima se Deus quiser!

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