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sexta-feira, 15 de março de 2013

+JOSÉ AUGUSTO BARROSO "GUTI"



No ano de 2010, tive a grata satisfação de entrevistar o saudoso Gute. Foi um ótimo “papo”, que você acompanhará No Giro da Bola desta semana.

NGB –   Nome.
Gute  - José Augusto Barroso, mais conhecido como Gute do Barrosão; apelido cuja a origem desconheço. Sou filho de Antônio Barroso(Barrosão) e Maria Pacassini Barroso, ambos falecidos. Nasci nesta cidade de São João Nepomuceno, em 01 de fevereiro de 1934, em uma modesta casa que não conheci em frente ao Clube Democrático.
        Passei parte da minha infância no Largo da Matriz, vindo completar minha formação de garoto e adulto na Rua Nova; privilégio que a sorte reservou-me pelas relações feitas e pelo espaço amplo a prática do futebol de rua, além do espaço, ainda deserto, do morro de São José e os terrenos do Sr. Neca Basílio.
         Casei-me em primeiras núpcias com Virgínia Dadalti Barroso, falecida em 1991, e em segundas com Paullete Marie Strogof Barroso. Com a primeira tive três filhos e uma filha, sendo que em 31/07/2005 sofri o rude golpe de perder um dos meninos.

NGB   Começou a jogar em qual time e com que idade?
Gute  -    Levado pelo Barbosa da tipografia(Totonho Barbosa), aos 12 anos comecei no   
                recém formado infantil do Operário (popular infantil do Waldomiro). Na época, o  
                treinamento era no campo do Palestra, clube extinto, onde é hoje o bairro Popular.  
                Enquanto se tentava, mais uma vez, gramar o campo do São José.

NGB    Qual era sua posição?
Gute  -    Goleiro. Joguei até meus 32 anos.

NGB   Qual foi seu melhor técnico?
Gute -     Sr. Waldomiro de Souza, cuja profissão era barbeiro, com salão perto do Correio.

NGB  -  Um dirigente.
Gute  -   Destacarei dois, ambos do Operário: Ricardo Pereira Filho e José Maria Gomes,  
              que  com orçamento ínfimo realizou a grande obra que é o complexo do Operário  
              Futebol Clube.

NGB  -  Qual o melhor jogador de sua época?
Gute  -  Moacir Delgado. Era filho de um tenente do exército que aqui residiu por algum
              tempo. Isto sem demérito para Ílio da Silva Pinto (coleiro), Neca Beraldo, Shimit,
              Gongon, Ivan Rodrigues, Luiz Quirino de Freitas, entre outros.

NGB  -  Antes da partidas, qual atacante tirava o seu sono?
Gute  -   Ílio (coleiro), pelo futebol excelente que jogava e pela maldade inata.

NGB  -  Qual zagueiro lhe dava mais confiança nos jogos?
Gute -    Dos zagueiros o melhor foi o Arides, mas destaco também o Laluce, Paiva, Cacau,
              Caeira, entre outros.

NGB  -  Como era os treinamentos?
Gute  -  Toda semana, inclusive domingo em que não havia jogo. Segunda infantil, terça e
              quinta adulto, quarta juvenil e domingos as três categorias. Eu era tão “fominha”
              que houve época em que participava dos treinamentos das três categorias.

NGB  -  Hoje foi meu dia! Qual partida você terminou com este sentimento?
Gute  -   A partida que mais alegria me trouxe, foi em 1952, quando lá no campo da Matriz
              derrotamos o Botafogo por 1x0, gol do Moacir Delgado. Foi meu primeiro clássico,
              contra o Botafogo, como titular adulto do time do Mangueira. Outra partida, por ter  
              sido destaque positivo, foi um jogo em Rio Novo contra o XV, mais ou menos em
              1957/58. E também, uma partida no 2º time do Operário, no campo do São José, nós
              com o 2º time normal e “eles” com oito titulares.
            Mangueira 52 - Miguel Pulier, Arides, Gregório, Gute, Deacir, Cacau e José Ronaldo.          

                         Agachados: Heber, Moacir Delgado, Egon, Neca Beraldo e Deco Mendes.

NGB  -  Uma passagem negativa.
Gute  -   Uma partida contra o Diamante de Mar de Espanha, onde sofri o maior frango de
               minha vida; o jogo que estava 1x1. E também um Mangueira e Botafogo que
               revoltado com a parcialidade do árbitro Paulo Sales, dei-lhe um empurrão, fato que
               originou uma pequena briga, sem maiores conseqüências. Peguei 360 dias de
               suspensão, mas fui anistiado pelo Campeonato Mundial conquistado pelo Brasil no
               ano seguinte.

NGB  -  Uma passagem curiosa ou engraçada.
Gute  -  Fato interessante aconteceu quando aqui aportou um indivíduo dizendo-se ex-
              treinador do Madureira do Rio de Janeiro, lembro-me somente de seu apelido,
              Bossa Nova. Captado pelo Bolote, foi a figura ser treinador do Mangueira.
              Não era nada de excepcional, estava dentro da média, mas tinha uma atitude que  
              logo foi notada; no momento de transmitir orientações, tinha sempre uma conversa
              reservada com o Arimatéia, o Raul Messias e o Hélcio Potoca. Demoramos a
              descobrir que era o “teste do bafo”, com que media o grau etílico dos mesmos.

NGB  -  Como era a rivalidade entre os clubes e as torcidas?
Gute  -  A rivalidade entre Mangueira e Botafogo era imensa e chegava a irradiar entre os
              torcedores, mesmo fora de campo. Com relação ao Operário, a rivalidade se
              desenvolvia somente durante as partidas.

NGB –   Qual atleta poderia ter jogado em um time profissional?.
Gute  -    Considerando o futebol técnico praticado à época, apenas o Moacir Delgado, o que
                não impediu que o Bassu chegasse a titular do Fluminense e o Carlinho Chimbria
                do Canto do Rio.

NGB -    Em quais clubes atuou?
Gute  -    Operário, Mangueira e Comercial de Campo Belo, no Sul de Minas, levado pelo
                sargento Gibran, do Tiro de Guerra.
                Operário 1954 - Em pé: Gregório, Tininho, Acrísio, Guti, Deacir e Ribita.

                          Agachado Pulilin, Olair, Jair, Pepé, Gabriel e Roque.
 NGB  -  Quantos campeonatos disputou?
Gute  -  Aproximadamente dez certames, ganhando apenas dois Torneios Início, competição
              hoje extinta.

NGB  -  Qual o melhor árbitro?
Gute   -  Geraldão, que residiu algum tempo na cidade e Silveirinha de Juiz de Fora.

NGB -    Compare o futebol de hoje com o período em que jogou.
Gute  -    Falta-me condições para comparar o futebol de outrora com o atual, pois não
               acompanho o futebol da cidade. No âmbito nacional, o futebol força suplantou o
               futebol técnica. Julgo que em que pese as ausências do Mangueira e Operário, e a
               definitiva do Botafogo, tem havido progresso, tendo em vista os atletas que estão
               vencendo fora da cidade.

NGB -    Qual o melhor adversário que enfrentou fora de São João?
Gute  -    Nacional de Rio Branco. Tinha seis titulares do Fluminense reforçando o time do
               Nacional.

*** NGB – No Giro da Bola.

Abraço a todos e até a próxima se Deus quiser.

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