No ano de 2010, tive a grata
satisfação de entrevistar o saudoso Gute. Foi um ótimo “papo”, que você
acompanhará No Giro da Bola desta
semana.
NGB – Nome.
Gute - José Augusto Barroso,
mais conhecido como Gute do Barrosão; apelido cuja a origem desconheço. Sou
filho de Antônio Barroso(Barrosão) e Maria Pacassini Barroso, ambos falecidos.
Nasci nesta cidade de São João Nepomuceno, em 01 de fevereiro de 1934, em uma
modesta casa que não conheci em frente ao Clube Democrático.
Passei
parte da minha infância no Largo da Matriz, vindo completar minha formação de
garoto e adulto na Rua Nova; privilégio que a sorte reservou-me pelas relações
feitas e pelo espaço amplo a prática do futebol de rua, além do espaço, ainda
deserto, do morro de São José e os terrenos do Sr. Neca Basílio.
Casei-me em primeiras núpcias com
Virgínia Dadalti Barroso, falecida em 1991, e em segundas com Paullete Marie
Strogof Barroso. Com a primeira tive três filhos e uma filha, sendo que em
31/07/2005 sofri o rude golpe de perder um dos meninos.
NGB – Começou a jogar em qual time
e com que idade?
Gute - Levado
pelo Barbosa da tipografia(Totonho Barbosa), aos 12 anos comecei no
recém formado infantil do
Operário (popular infantil do Waldomiro). Na época, o
treinamento era no campo do
Palestra, clube extinto, onde é hoje o bairro Popular.
Enquanto se tentava, mais uma
vez, gramar o campo do São José.
NGB – Qual era sua posição?
Gute - Goleiro. Joguei até meus 32 anos.
NGB – Qual foi seu melhor técnico?
Gute - Sr. Waldomiro de Souza, cuja profissão era
barbeiro, com salão perto do Correio.
NGB - Um dirigente.
Gute - Destacarei dois, ambos do Operário: Ricardo
Pereira Filho e José Maria Gomes,
que com orçamento ínfimo realizou a grande obra
que é o complexo do Operário
Futebol Clube.
NGB - Qual o melhor jogador de sua época?
Gute - Moacir Delgado. Era filho de um tenente do
exército que aqui residiu por algum
tempo. Isto sem demérito para
Ílio da Silva Pinto (coleiro), Neca Beraldo, Shimit,
Gongon, Ivan Rodrigues, Luiz
Quirino de Freitas, entre outros.
NGB - Antes da partidas, qual atacante tirava o seu
sono?
Gute - Ílio (coleiro), pelo futebol excelente que
jogava e pela maldade inata.
NGB - Qual zagueiro lhe dava mais confiança nos
jogos?
Gute - Dos zagueiros o
melhor foi o Arides, mas destaco também o Laluce, Paiva, Cacau,
Caeira, entre outros.
NGB - Como era os treinamentos?
Gute - Toda semana, inclusive domingo em que não
havia jogo. Segunda infantil, terça e
quinta adulto, quarta juvenil e
domingos as três categorias. Eu era tão “fominha”
que houve época em que
participava dos treinamentos das três categorias.
NGB - Hoje foi meu dia! Qual partida você terminou
com este sentimento?
Gute - A partida que mais alegria me trouxe, foi em
1952, quando lá no campo da Matriz
derrotamos o Botafogo por 1x0,
gol do Moacir Delgado. Foi meu primeiro clássico,
contra o Botafogo, como titular
adulto do time do Mangueira. Outra partida, por ter
sido destaque positivo, foi um
jogo em Rio Novo
contra o XV, mais ou menos em
1957/58. E também, uma partida no
2º time do Operário, no campo do São José, nós
com o 2º time normal e “eles” com
oito titulares.
Mangueira 52 - Miguel Pulier,
Arides, Gregório, Gute, Deacir, Cacau e José Ronaldo.
Agachados: Heber,
Moacir Delgado, Egon, Neca Beraldo e Deco Mendes.
NGB - Uma passagem negativa.
Gute - Uma partida contra o Diamante de Mar de
Espanha, onde sofri o maior frango de
minha vida; o jogo que estava 1x1. E
também um Mangueira e Botafogo que
revoltado com a parcialidade do
árbitro Paulo Sales, dei-lhe um empurrão, fato que
originou uma pequena briga, sem
maiores conseqüências. Peguei 360 dias de
suspensão, mas fui anistiado
pelo Campeonato Mundial conquistado pelo Brasil no
ano seguinte.
NGB - Uma passagem curiosa ou engraçada.
Gute - Fato interessante aconteceu quando aqui
aportou um indivíduo dizendo-se ex-
treinador do Madureira do Rio de
Janeiro, lembro-me somente de seu apelido,
Bossa Nova. Captado pelo Bolote,
foi a figura ser treinador do Mangueira.
Não era nada de excepcional,
estava dentro da média, mas tinha uma atitude que
logo foi notada; no momento de
transmitir orientações, tinha sempre uma conversa
reservada com o Arimatéia, o Raul
Messias e o Hélcio Potoca. Demoramos a
descobrir que era o “teste do
bafo”, com que media o grau etílico dos mesmos.
NGB - Como era a rivalidade entre os clubes e as
torcidas?
Gute - A rivalidade entre Mangueira e Botafogo era
imensa e chegava a irradiar entre os
torcedores, mesmo fora de campo.
Com relação ao Operário, a rivalidade se
desenvolvia somente durante as
partidas.
NGB – Qual
atleta poderia ter jogado em um time profissional?.
Gute - Considerando o futebol técnico praticado à
época, apenas o Moacir Delgado, o que
não impediu que o Bassu chegasse a
titular do Fluminense e o Carlinho Chimbria
do Canto do Rio.
NGB - Em
quais clubes atuou?
Gute - Operário, Mangueira e Comercial de Campo
Belo, no Sul de Minas, levado pelo
sargento Gibran, do Tiro de Guerra.
Operário 1954 - Em pé: Gregório,
Tininho, Acrísio, Guti, Deacir e Ribita.
Agachado Pulilin,
Olair, Jair, Pepé, Gabriel e Roque.
NGB - Quantos campeonatos disputou?
Gute - Aproximadamente dez certames, ganhando apenas
dois Torneios Início, competição
hoje extinta.
NGB - Qual o melhor árbitro?
Gute - Geraldão, que residiu algum tempo na cidade e
Silveirinha de Juiz de Fora.
NGB - Compare
o futebol de hoje com o período em que jogou.
Gute - Falta-me condições para comparar o futebol
de outrora com o atual, pois não
acompanho o futebol da cidade.
No âmbito nacional, o futebol força suplantou o
futebol técnica. Julgo que em
que pese as ausências do Mangueira e Operário, e a
definitiva do Botafogo, tem
havido progresso, tendo em vista os atletas que estão
vencendo fora da cidade.
NGB - Qual o melhor adversário que enfrentou fora
de São João?
Gute - Nacional de Rio Branco. Tinha seis titulares
do Fluminense reforçando o time do
Nacional.
*** NGB – No Giro da Bola.
Abraço a todos e até a próxima se Deus quiser.
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