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quarta-feira, 24 de agosto de 2011

José Augusto Barroso, o Gute do Barrosão.


Fica aqui a minha homenagem ao meu amigo e já saudoso Gute. Vamos reproduzir a entrevista concedida a este "dublê" de repórter no início deste ano.

Nome: José Augusto Barroso, mais conhecido como Gute do Barrosão; apelido cuja a origem desconheço. Sou filho de Antônio Barroso(Barrosão) e Maria Pacassini Barroso, ambos falecidos. Nasci nesta cidade de São João Nepomuceno, em 01 de fevereiro de 1934, em uma modesta casa que não conheci em frente ao Clube Democráticos.
Passei parte da minha infância no Largo da Matriz, vindo completar minha formação de garoto e adulto na Rua Nova; privilégio que a sorte reservou-me pelas relações feitas e pelo espaço amplo a prática do futebol de rua, além do espaço, ainda deserto, do morro de São José e os terrenos do Sr. Neca Basílio.
Casei-me em primeiras núpcias co Virgínia Dadalti Barroso, falecida em 1991, e em segundas com Paullete Marie Strogof Barroso. Com a primeira tive três filhos e uma filha, sendo que em 31/07/2005 sofri o rude golpe de perder um dos meninos.

Blog – Começou a jogar em qual time e com que idade?
Gute - Levado pelo Barbosa da tipografia(Totonho Barbosa), aos 12 anos comecei no recém formado infantil do Operário (popular infantil do Waldemiro). Na época o treinamento era no campo do Palestra, clube extinto, onde é hoje o bairro Popular. Enquanto se tentava, mais uma vez, gramar o campo do São José.

Blog – Qual era sua posição?
Gute - Goleiro. Joguei até meus 32 anos.

Blog – Qual foi seu melhor técnico?
Gute - Sr. Waldemiro de Souza, cuja profissão era barbeiro, com salão perto do Correio.

Blog - Um dirigente.
Gute - Destacarei dois, ambos do Operário: Ricardo Pereira Filho e José Maria Gomes, que com orçamento ínfimo realizou a grande obra que é o complexo do Operário Futebol Clube.

Blog - Qual o melhor jogador de sua época?
Gute - Moacir Delgado. Era filho de um tenente do exército que aqui residiu por algum tempo. Isto sem demérito para Ílio da Silva Pinto (coleiro), Neca Beraldo, Shimit, Gongon, Ivan Rodrigues, Luiz Quirino de Freitas, entre outros.

Blog - Antes das partidas, qual atacante tirava o seu sono?
Gute - Ílio (coleiro), pelo futebol excelente que jogava e pela maldade inata.

Blog - Qual zagueiro lhe dava mais confiança nos jogos?
Gute - Zagueiro o melhor foi o Arides, mas destaco também o Laluce, Paiva, Cacau, Caeira, entre outros.

Blog - Como eram os treinamentos?
Gute - Toda semana, inclusive domingo em que não havia jogo. Segunda infantil, terça e quinta adulto, quarta juvenil e domingos as três categorias. Eu era tão “fominha” que houve época em que participava dos treinamentos das três categorias.

Blog - Hoje foi meu dia! Qual partida você terminou com este sentimento?
Gute - A partida que mais alegria me trouxe, foi em 1952, quando lá no campo da Matriz derrotamos o Botafogo por 1x0, gol do Moacir Delgado. Foi meu primeiro clássico, contra o Botafogo, como titular adulto do time do Mangueira. Outra partida, por ter sido destaque positivo, foi um jogo em Rio Novo contra o XV, mais ou menos em 1957/58. E também, uma partida no 2º time do Operário, no campo do São José, nós com o 2º time normal e eles com oito titulares.

Blog - Uma passagem negativa.
Gute - Uma partida contra o Diamante de Mar de Espanha, onde sofri o maior frango de minha vida; o jogo que estava 1x1. E também um Mangueira e Botafogo que revoltado com a parcialidade do árbitro Paulo Sales, dei-lhe um empurrão, fato que originou uma pequena briga, sem maiores conseqüências. Peguei 360 dias de suspensão, mas fui anistiado pelo Campeonato Mundial conquistado pelo Brasil no ano seguinte.

Blog - Uma passagem curiosa ou engraçada.
Gute - Fato interessante aconteceu quando aqui aportou um indivíduo dizendo-se ex-treinador do Madureira do Rio de Janeiro, lembro-me somente de seu apelido, Bossa Nova. Captado pelo Bolote, foi a figura ser treinador do Mangueira, não era nada de excepcional, estava dentro da média, mas tinha uma atitude que logo foi notada; no momento de transmitir orientações, tinha sempre uma conversa reservada com o Arimatéia, o Raul Messias e o Hélcio Potoca. Demoramos a descobrir que era o “teste do bafo”, com que media o grau etílico dos mesmos.

Blog - Como era a rivalidade entre os clubes e as torcidas?
Gute - A rivalidade entre Mangueira e Botafogo era imensa e chegava a irradiar entre os torcedores, mesmo fora de campo. Com relação ao Operário, a rivalidade se desenvolvia somente durante as partidas.
Blog – Qual atleta poderia ter jogado em um time profissional?
Gute - Considerando o futebol técnico praticado à época, apenas o Moacir Delgado, o que não impediu que o Bassu chegasse a titular do Fluminense e o Carlinho Chimbria do Canto do Rio.

Blog - Em quais clubes atuou?
Gute - Operário, Mangueira e Comercial de Campo Belo, no Sul de Minas, levado pelo sargento Gibran, do Tiro de Guerra.

Blog - Quantos campeonatos disputou?
Gute - Aproximadamente dez certames, ganhando apenas dois Torneios Início, competição hoje extinta.

Blog - Qual o melhor árbitro?
Gute - Geraldão, que residiu algum tempo na cidade e Silveirinha de Juiz de Fora.

Blog - Compare o futebol de hoje com o período em que jogou.
Gute - Falta-me condições para comparar o futebol de outrora com o atual, pois não acompanho o futebol da cidade. No âmbito nacional, o futebol força suplantou o futebol técnica. Julgo que em que pese as ausências do Mangueira e Operário, e a definitiva do Botafogo, tem havido progresso, tendo em vista os atletas que estão vencendo fora da cidade.

Blog - Qual o melhor adversário que enfrentou fora de São João?
Gute - Nacional de Rio Branco. Tinha seis titulares do Fluminense reforçando o time do Nacional.


A foto acima traz o time do Mangueira campeão do torneio início de 1952. De pé, da esquerda para direita, estão:
Miguel Pulier, Arides, Gregório, Gute, Deacir, Cacau e José Ronaldo. Agachados: Heber, Moacir Delgado, Egon, Neca Beraldo e Deco Mendes.

CURIOSIDADE: Na verdade o jogo decisivo terminou empatado, como relatou o nosso Gute: " por falta de luz natural (também não haviam refletores no campo) a partida decisiva foi interrompida no 2º tempo com o placar marcando o empate de 0x0. Sendo assim, foi programado a decisão para o próximo clássico entre Botafogo e Mangueira. Portanto, sem data. Quando aconteceu, o Mangueira venceu pelo placar de 1x0 gol de Moacir Delgado.

ACESSE: www.sjonline.com.br e leia a coluna de esportes NO GIRO DA BOLA com Nei Medina.

Até a próxima se Deus quiser.

3 comentários:

  1. O sr. Gute, entre um jogo de futebol e outro, conseguiu trazer pra este planeta três pessoas fantásticas, com as quais tivemos o prazer de conviver: o Marcos, o Luiz Augusto e o saudoso Júlio, estes sim, três autênticos gols de placa. Paz à alma desse craque e um abraço à família.

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  2. Nilson Magno Baptista2 de setembro de 2011 às 18:09

    O Gute foi um ser humano como poucos.Mais um grande amigo que se vai.Fica a saudade,mas as ótimas lembranças são inesquecíveis também.

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